domingo, março 27, 2005

Mania das grandezas

O apoio concedido pelo governo ao Santa Clara é claramente pouco para a realidade do futebol profissional português, defendo esta ideia desde há muito. É caro trazer um jogador para S. Miguel e as deslocações quinzenais têm custos inimagináveis.
No entanto, muito ou pouco, quando toca a dinheiros públicos as atenções são as maiores e as críticas surgem de todo o lado, sendo necessária muita transparência e rigor.
O importante, na minha opinião, é não gastar-se aquilo que não se tem e isto verificou-se no Santa Clara caso contrário o passivo não rondava os 10 milhões de euros!
Carlos Alberto Silva a ganhar 4 mil contos por mês é um abuso, ordenados de 3 e 4 mil contos por mês para jogadores que nem são convocados é muito, comprar jogadores lesionados (Leandro) é delirante. Todos estes erros foram cometidos por pessoas que ainda lá estão, e por mais respeito que tenhamos por eles, e eu tenho, não podemos esquecer ou fingir que essas situações nunca existiram. Isso é má gestão! Comprar um treinador em Julho com um projecto de subida e este mesmo treinador sair em Outubro alegando ordenados em atraso e falta de apoio da direcção é de malucos!
Relativamente a este ano, o plantel tem qualidade e tem tudo para ser competitivo, salvo uma ou outra lacuna na defesa e isso deve-se ao Dr. LM. Aquilo que não se percebe é como ainda não tomou qualquer medida face às declarações públicas do treinador de há três jornadas a essa parte, alertando que com o comportamento recente dos jogadores nos jogos, a equipa não vai alcançar os seus objectivos.
Para animar ainda mais a situação, um vice-presidente da Direcção, director que tinha a seu cargo questões relacionado com o futebol profissional acaba de pedir a demissão passados apenas cinco meses desde que este elenco directivo tomou posse… Porque será?

sexta-feira, março 25, 2005

As sandes

Desde o passado dia 1 de Janeiro quem tem o prazer de viajar de avião entre Ponta Delgada e Lisboa, tem algo de profunda qualidade gastronómica com que se deliciar durante a viagem, nada mais nada menos que uma sandes, onde o pão é invariavelmente duro, e um queque para “adoçar” o caminho.
Enquanto o preço das passagens aumenta, a comida diminui e até tem lógica pois permite que o estômago do passageiro esteja sempre vazio, de forma a não originar qualquer indisposição causada pela turbulência da viagem.
Eu cá, na minha “santa” ignorância, preferia que essa “parceria” ou mais pomposamente “code share”, fosse uma concorrência perfeita, onde o passageiro escolhesse qual a companhia com a qual gostaria de viajar, não estando sujeito a um jogo que à partida já está viciado… Ou não…

quinta-feira, março 24, 2005

O relatório do tribunal

De acordo com uma auditoria do Tribunal de Contas (TC), a Câmara Municipal de Ponta Delgada atribuiu um subsídio ilegal ao Santa Clara de cerca de 60 mil euros, premiando a subida à então, I Liga de futebol em 2001.
Segundo o relatório do TC, “o desporto profissional não pode ser objecto de comparticipações ou patrocínios financeiros”, apesar da defesa da Câmara alegando que tal montante se destinava a “investimentos nos estádios ou infra-estruturas desportivas necessárias ao nível competitivo”.
Esta notícia foi publicada, entre outros, no Diário de Notícias do dia 23 de Março de 2005.
Tem razão o TC! Mas que vergonha é essa?
Legal foi o que aconteceu aquando da construção dos novos estádios para o Euro 2004, a saber; permutas duvidosas de terrenos para posterior compra dos mesmos a preços exorbitantes por parte da Câmara (Porto), cedência de terrenos de valores muito elevados (Lisboa), e endividamento incalculável por parte de todas as autarquias (Leiria, Aveiro, Coimbra e por aí fora) com benefícios directos para clubes que nada fizeram para os merecer.
Resultado? Todas essas Câmaras já ultrapassaram há muito o limite de endividamento, actuaram muito acima das suas possibilidades. Existe o risco muito provável de dois destes novos estádios passarem a passear a sua classe na II Liga no próximo ano! A não ser que haja novamente uma “força nacional e patriótica” vestida de preto, que venha a salvar estes clubes de uma descida de divisão merecida.
Por outro lado, decorrem já investigações, por parte da polícia judiciária, à Câmara de Leiria de forma a averiguar da legalidade da cedência de muitos terrenos à União Desportiva de Leiria, cujo presidente apenas veio trazer ao futebol podridão e até desvairos existenciais roçando alguns sinais de autênticas alucinações!
Serão estas as relações “legais” entre autarquias e o futebol?
Sou um profundo crítico da actual direcção do Santa Clara, principalmente de toda a sua gestão. Os contratos paralelos e as investigações da polícia judiciária falam por si, no entanto, apenas podemos considerar injustos e tendenciosos os apoios dados ao Santa Clara, se outro clube atingir o mesmo patamar e não receber o mesmo.
Ninguém está acima da lei, se o subsídio é ilegal, teremos que aceitar tal facto, agora verificar a impunidade perante outras “realidades nacionais” é algo com o qual não podemos nem devemos pactuar.
Descanse pois o TC, que pelo menos este ano nenhum subsídio “ilegal” será atribuído ao Santa Clara, para grande tristeza minha…

terça-feira, março 22, 2005

Disciplina ou submissão?

Sempre senti uma enorme confusão (repugnância até) relativamente a tudo o que diga respeito a regimes militares.
Confesso que sempre sonhei “escapar” àquela que é (ou era) a posição mais ridícula e obsoleta do sistema legislativo português, o serviço militar obrigatório.
Que sentido faz estar eu (e muitos outros milhares de “infelizes”) a “servir a pátria” contrariado, sem qualquer tipo de capacidade “bélica”, ou melhor dizendo, com um físico de meter “medo” só de olhar ao adversário, vulgo soldado?
Nenhum!!
Em vez de gastar dinheiro nesses “soldadinhos de chumbo” nada mais óbvio do que tornar profissional a estrutura militar, pagando dignamente a quem, por vocação ou por qualquer outra razão, deseja seguir a carreira militar.
Pois é, os pensamentos e desejos de vários anos a esta parte resultaram em realidade. Em Dezembro a “carta de alforria” chegou, “reserva territorial”, estou livre da tropa!!
Servir a pátria sim, os Açores, agora submissão gratuita e “disciplina” duvidosa e subversiva nunca!!

A justiça

Se é difícil a sobrevivência de um clube no desporto açoriano, ainda mais o é quando esta agremiação não pertence ao meio futebolístico.
Pelo segundo ano consecutivo a militar na divisão A1 de voleibol (ou Campeonato Carglass, se preferirem) os Antigos Alunos são exemplo de como o desporto deve ser encarado e de como deve ser sustentado mas inovador e consistente o crescimento de um clube.
A introdução de novas ideias, um marketing visível, mas acima de tudo um conjunto de pessoas competentes, faz dos Antigos Alunos um clube ímpar no panorama voleibolístico português. Seguissem este exemplo alguns clubes cá do burgo, e talvez não existissem tantos clubes afundados financeiramente e desportivamente.
Na certeza de que continuarão a elevar e a dignificar o nome dos Açores, faço votos para que todas as dificuldades inerentes à preparação de uma época ou à estruturação de uma equipa, sejam ultrapassados da melhor forma, de modo a que o projecto preconizado pela direcção (ilustrado na competência e lucidez da equipa técnica) para a próxima época seja uma realidade e a breve trecho os títulos nacionais possam chegar aqui aos Açores.
Ass: Um ex-atleta do clube

Um certo clube

Confesso, por mais estranho que possa parecer para alguns, simpatizo, associo e vivo um determinado clube, sito na Rua Comandante Jaime de Sousa, bem no centro de Ponta Delgada, ilha de S. Miguel.
Mas porquê? Não é suposto as pessoas optarem logo à nascença por um dos denominados três grandes do futebol português, e levar essa “paixão” até morrer? Não é normal haver um certo seguimento ou até linhagem familiar, no clubismo adoptado?
Muitos acharão que sim, mas para mim claramente não o é.
Em ambiente familiar, felizmente ou infelizmente não sei, ninguém tem qualquer empatia ou até simpatia por este grande Santa.
Desde cedo, muito cedo, ao frequentar o estádio de S. Miguel (caminhava o Santa Clara, por vezes penosamente até, na 3ª Divisão Série E) senti a alma, a paixão, e desculpem lá a imodéstia, a imensa grandeza de um clube que, mesmo podendo não ser o maior dos Açores, estará certamente nos lugares cimeiros desta tabela (esta é outra discussão, talvez para mais tarde...).
Nada mais óbvio que mais tarde, e ainda menor de idade, sem que desse conhecimento a quem quer que seja, tornei-me sócio do Clube Desportivo Santa Clara.
Da 3ª Divisão à Superliga, muitas alegrias vivi que claramente superaram algumas mágoas, tristezas e até vergonhas que infelizmente por lá ainda andam.
Se o sonho comanda a vida, então sou sonhador, mas consciente de que “herói é aquele que mil vezes cai e mil vezes se levanta”, as tristezas de hoje poderão ser as alegrias de amanhã!!
Santa Clara SEMPRE!!

Preâmbulo

“ À minha maneira” não é um lugar onde o egocentrismo imperará nem tão pouco qualquer tipo de alter ego exacerbado ou tendencioso.
Surge, tão só, numa certa necessidade de expor algumas ideias, sentimentos ou até alguns desvairos de alguém que pensa (acreditem que é verdade) e que neste espaço irá procurar expressá-los.
Esta “Maneira” não segue fundamentalismos nem radicalismos, não é dona da verdade nem servirá de exemplo, será apenas um partilhar de ideias que, espero, possam ser lidas, debatidas e porque não censuradas por todos aqueles que tenham a paciência e a coragem de nela entrar.
Que “À minha maneira” siga o caminho da justiça e da independência nunca se vergando a hipocrisias ou ao “politicamente correcto”.
A todos os visitantes, que partilhem a “sua maneira” sem receios porque o dogma é eterno:
“Antes morrer livre que em paz sujeito”