quarta-feira, maio 24, 2006

Mas tudo ok

A recente inauguração do novo Campo Pequeno deixou toda a gente entusiasmada. Foram gastos milhões. Mas tudo ok. Foram construídos estádios de futebol que arrasaram as contas do erário público. Toda a gente rejubilou. Mas tudo ok. No entanto, no autêntico "poço da morte" que é o IPO de Lisboa, deambulam diariamente muitas centenas de pessoas gravemente doentes em condições miseráveis! O lar que acolhe os doentes (e familiares) deslocados é verdadeiramente monstruoso e sinistro! Condições sub humanas a todos os níveis. Instalações degradadas e antigas, nenhumas condições de comodidade, alimentação deplorável. Estamos a falar de famílias a quem a doença destruiu qualquer sorriso ou alegria. Quem toma mão nisso? Este é o país real meus amigos, onde existem milhões de euros em estádios, pseudo personalidades que se acotovelam para aparecer na inauguração do momento, sempre com a esperança de figurar na capa daquela revista cor-de-rosa da próxima semana. Só acho que seria importante pensar um pouco mais nas coisas mais básicas e que se calhar não custam assim tanto. Mas tudo ok.

A preparação

Na preparação da época 2006/2007, a direcção do Santa Clara consegue algo que há muito não faz, mantém da época passada cerca de 15 jogadores. É, não só, uma clara aposta numa base de qualidade que já deu provas, e que, com alguns acertos (leia-se contratações) poderá de facto, reunir um grupo interessante para a dura batalha que será o campeonato da Liga de Honra. É também uma forma inteligente de dar continuidade a um projecto, evitando alimentar principescamente empresários de futebol, sedentos em colocar por todo o lado jogadores de valor duvidoso.
Apesar de preferir que Mário Reis tivesse ficado (com menos um ou dois adjuntos!), Paulo Sérgio pode representar a ambição, própria da sua juventude, e um desejo premente de se afirmar como treinador, fora dos ares algarvios. Pelo menos já conhece a grandeza do Santa Clara dos tempos em que envergou, como jogador, a camisola santaclarense, na ida época 97/98.
Os sócios aguardam as contratações, sempre na esperança que o investimento seja calculado e não ponha em risco as contas do clube.
Uma coisa é certa, o coração já bate acelerado de emoção e vontade de ver a máquina a trabalhar.

domingo, maio 14, 2006

Ainda a cláusula

No meu post “Cláusula” acho que não fui muito claro no que queria dizer. Concordo com um contrato por objectivos, não com o contrato por objectivos que, ao que parece, a direcção do Santa Clara apresentou ao treinador Mário Reis. Para mim um contrato por objectivos baseia-se na ideia de um salário base baixo e prémios por vitórias, convocatórias, golos, chamadas à selecção e classificação final. Objectivos claramente definidos, adequados à função de cada um, mas sempre com um peso preponderante, quer a nível de decisão quer a nível financeiro, no final da época. Isso sim é um contrato por objectivos e eu defendo que deve ser aplicado. Agora um contrato onde é estipulado que à jornada 10 ou jornada 20 o clube se não tiver um determinado número de pontos, pode mandar toda a equipa técnica embora sem pagar nada, não creio que seja muito correcto. Por dois motivos; primeiro, é preciso alguém (treinador) que aceite essas condições, segundo, no final da primeira volta, da época que agora finda, o Santa Clara tinha 20 pontos conquistados, acabou com 51. Um balanço a meio da época pode ser muito dúbio, mas claro que pode ser feito, com o devido cuidado. Na minha opinião, a solução é sim baixar os ordenados e aumentar significativamente os prémios finais.
Mas essa é apenas a minha opinião…

quinta-feira, maio 11, 2006

Ginásios

Com a praia já no horizonte, esta é a época do ano em que os ginásios se enchem de almas sedentas daquele corpo maravilhoso e musculado que é capaz de fazer parar o trânsito.
Para isso, tudo é possível e não há limites. No entanto há aqueles indivíduos que realmente merecem o meu destaque. São aqueles que entendem o ginásio como uma passerelle onde nela desfilam todas as suas capacidades físicas e intelectuais(?), sempre com o objectivo claro de impressionar aquela miúda que está no aparelho do lado a tonificar os glúteos. Pode a jovem apresentar um robusto buço, exalar a pior fragrância suor/refogada, nada disso interessa, se é do sexo feminino não há quem o pare!
Para ele o domínio de todos os aparelhos e alteres é total e não há quem o bata. Ele é levantar pesos exagerados, torcendo completamente a coluna e havendo o perigo real de flatulência incomodativa (pelo menos para os outros desgraçados que treinam) dada a força exercida expressa na vermelhidão do rosto, ou então 45 minutos de passadeira a uma velocidade estonteante com os bofes já de fora!
Findo qualquer exercício, o ritual é sempre o mesmo, vai à casa de banho levantar a blusa e olhar no espelho o seu tronco nu, contemplando com ar triunfal os resultados (que só ele vê) de tamanha actividade.
No entanto a parte melhor é quando começam a ver que existem outros elementos a treinar, e aí, a regra é clara, fazer mais 30 kg que o vizinho do lado! É o êxtase total!
No reverso da medalha, lá estou eu, correndo os meus 15 minutos de passadeira e levantando os meus miseráveis 20kg. Mas como o sonho comanda a vida, almejo atingir o patamar dessas almas iluminadas e claramente muito superiores ao comum humano…

A cláusula

Mário Reis não vai continuar à frente da equipa técnica do Santa Clara na época 2006/07 tudo por causa da cláusula da discórdia, que supostamente estipula que a direcção do clube podia despedir a equipa técnica a meio da época sem pagar qualquer indemnização, caso o clube não estivesse a atingir determinados objectivos (leia-se pontos).
Entendo que os balanços fazem-se no final do campeonato, mas ao que parece a direcção do Santa Clara (ou será apenas uma pessoa?) não partilha dessa opinião e deixa sair um treinador com valor e que ao fim ao cabo proporcionou ao clube a época mais tranquila dos últimos quatro anos.
Como é possível os responsáveis do clube pensarem desta forma, quando esta época o clube estava mal classificado na segunda volta, o presidente adjunto teatralizou uma demissão, e logo o clube ganhou seis jogos consecutivos, voltando a pensar na subida de divisão? No desporto em geral, mas no futebol em particular, tudo é subjectivo, o facto de acabar a primeira volta com 20 pontos não é sinónimo de acabar o campeonato com 40! Há imensos factores que contribuem decisivamente para o comportamento de uma equipa, factores esses que pela sua sazonalidade/ocasionalidade, podem levar o clube a ter comportamentos completamente díspares num espaço muito curto de tempo, e esse tempo não pode ser extrapolado.
Obviamente que Mário Reis não é o melhor treinador do mundo nem insubstituível, mas conseguiu juntar um grupo interessante a nível de qualidade, com bom balneário (ao que parece!) e estou certo que mantendo essa base, a próxima época poderia de facto ser muito interessante.
Assim não quis quem manda no clube…

O futuro encarnado

Para a época 2006/07, os dirigentes do Santa Clara têm a hipótese de se redimir de erros do passado. Poderão PLANEAR e GERIR da melhor forma a época, quer a nível financeiro, quer a nível desportivo.
A subida vai ser difícil de ser atingida, pois o leque de candidatos não só é extenso, como recheado de qualidade.
Com um passivo monstruoso, o Santa Clara deve apostar de forma objectiva numa recuperação financeira, por forma a não hipotecar o seu próprio futuro, criando bases para que daqui a 2/3 anos possa ser criada uma base de sustentação forte a todos os níveis, para atacar em força a I Liga, e estando aí, a manutenção pelo maior tempo possível.
Mais uma época de enorme investimento financeiro poderá não ser positivo atendendo ao actual panorama nacional. Manter a actual espinha dorsal da equipa com uma média salarial mais baixa seria o ideal, aliando a algumas contratações. Procurar rentabilizar jogadores jovens que possam trazer algum dinheiro ao clube poderá ser uma aposta positiva.
Uma imagem de seriedade, compromisso e honra, será, agora mais do que nunca, um chamariz para qualquer jogador que seja um verdadeiro profissional. Sem demagogias, sem utopias, sem viver acima das suas possibilidades, é possível fazer um campeonato tranquilo e positivo. Estarão os dirigentes do Santa Clara, em ano de eleições, à altura de um enorme desafio como esse?

Balanço positivo?

O Santa Clara acaba a época conseguindo de forma desafogada aquele que era (ou pelo menos devia ser) o seu principal objectivo, a manutenção.
Ao falhar a conquista do 4o lugar na última jornada em casa, o Santa Clara deixou bem expressa aquela que foi a imagem real de toda uma época.
A verdade é só uma, com um plantel de grande qualidade, a quantidade exagerada de pontos perdidos em casa não pode ser aceitável. Sentenciou de facto, qualquer hipótese de subida.
Não vamos esconder que existiram arbitragens muito habilidosas e estranhas, que as inúmeras lesões minaram bastas vezes as escolhas do treinador, mas fica a ideia de que esse é um plantel caro demais e com qualidade a mais para fazer o campeonato que fez. Em consciência, todos os jogadores aceitarão tal facto. Até porque, um jogador com larga experiência de 1a divisão e que no início desta época quando chegou ao clube, logo afirmou que o importante era haver sempre os salários em dia, por forma a que os jogadores apenas se preocupassem em jogar e atingir os seus objectivos. Se os ordenados estiveram sempre em dia o que faltou?
É importante referir, no entanto, que esta foi uma época positiva a nível social. Há muito que não me lembrava de uma época em que não surgiam histórias de jogadores em saídas nocturnas comprometedoras, salários em atraso, balneário conflituoso, etc... Se existiram, foram bem camufladas e só o facto de não passar nada para a imprensa já é positivo.
Feitas as contas, o Santa Clara cimenta a sua posição de clube de Liga de Honra e numa época difícil, onde desciam 6 equipas, alcança um positivo 6o lugar. Dias de glória virão...

E se for verdade?

Foi com ar incrédulo que li que o ex-líder da lavoura açoriana Manuel António Martins quer processar Carlos César por retaliações do presidente açoriano a uma negação de apelo ao voto socialista, por parte do empresário agrícola, nas eleições regionais de 2000. O que está em causa é um apoio de 300 mil euros ao Operário, quando Manuel António era presidente do clube lagoense, compromisso esse que não foi cumprido por César dada a negação do agrícola.
Ora bem, ou Manuel António não pensou bem no que disse ou então estamos perante um caso grave de favorecimento ilícito a um clube de futebol e uma promiscuidade assustadora entre futebol e política. E se for verdade? Decerto que o suposto apoio não estava legislado, pois se assim fosse teria sido concedido. O apoio pela palavra Açores tem muito que se lhe diga e ao que parece varia consoante o freguês...
A história não está clara. Carlos César já considerou tais declarações “tresloucadas”… Aguarda-se de forma atenta o desenrolar desta novela...